quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Atividade de Geografia - Ensino Médio - Capitalismo x Socialismo


1) Preencha as lacunas dos textos acima com as palavras “socialismo e capitalismo” observe as imagens atentamente:


2) Sobre o capitalismo é incorreto afirmar:
I.Capitalismo é o sistema socio-econômico em que os meios de produção e o capital são propriedade privada, ou seja, tem um dono.

II.Antes do capitalismo, o sistema predominante era o Feudalismo, cuja riqueza vinha da exploração de terras e também do trabalho dos servos.

III. Os proprietários dos meios de produção são a maioria da população e os não-proprietários vivem dos salários pagos em troca de sua força de trabalho.

Está incorreta a alternativa:
a) I
b) II
c) III
d) I e III

3) São características do capitalismo:

Assinale as alternativas corretas:
a) As mercadorias são destinadas para a venda e não para o uso pessoal.
b) Os trabalhadores recebem um salário em troca do seu trabalho.
c) As negociações são feitas com dinheiro.
d) O capitalista pode admitir ou demitir trabalhadores, já que é dono de tudo.

4) Assinale as alternativas que representam  as fases do capitalismo:

a) Capitalismo Comercial ou mercantil.
b) Capitalismo Industrial.
c) Capitalismo Financeiro.
d) Capitalismo mercantil.

5) Explique com suas palavras como é o sistema socialista.
R:

6) Explique com suas palavras como é o sistema capitalista.
R:

7) Primeiro estudioso que  utilizou o termo socialismo  e propôs a criação de um novo regime político-econômico, no qual os homens repartissem os mesmos interesses e recebessem adequadamente pelo seu trabalho.

a) Henri de Saint Simon (1760-1825).
b) Karl Marx(1818-1883).
c) Friedrich Engels(1820-1895).
d) Pierre Leroux (1798-1871).

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

José Antônio Pereira - Fundador de Campo Grande, Mato Grosso do Sul

Escrever sobre a história de ilustres personalidades, sempre foi o desejo dos literatos ou amantes da literatura, isto porque se busca fazer justiça para com a memória e seus descendentes. Mato Grosso do Sul, tem seu início pioneiro, por meio das incursões de desbravadores paulistas, mineiros e paranaenses.

Houve sim após a guerra da Tríplice Aliança ( também conhecida como Guerra do Paraguai ), um interesse redobrado pelas vastidões das terras da vacaria.

A região do hoje Mato Grosso do Sul começa a receber em 1850 uma decisiva marcha, incentivada pelo senador Barão de Antonina, para se apossar de terras devolutas; após o término do conflito e que definiu as divisas, mas ainda houve essa procura. E nesse contexto, vem em 1872, empreender uma viagem de reconhecimento dessa área, o cidadão José Antônio Pereira, natural de Barbacena, Minas Gerais, onde nasceu aos 19 de março de 1825.
Foi assim a sua chegada à confluência dos córregos Prosa e Segredo. A partir daí, em 1872 é dada a fundação de Campo Grande. Foi a família deste ilustre brasileiro, que tem uma rua com seu nome ( José Antônio ), seu busto elevado, entre a Afonso Pena e a Calógeras; ainda no Obelisco, na avenida Afonso Pena, faz a ele a reverência de herói.

No museu histórico, na avenida Guaicurus, ainda hoje se encontram depositadas parte de suas memórias. Realmente essa ilustre pessoa pontua com evidência necessária, diante de sua imensurável folha de serviços que prestou no limiar de nossa existência.

estes apontamentos e registros vão com o tempo sendo ampliados, guardados ou divulgados. São joias de raro valor! Centenas de historiadores ampliaram, e chegando aos poetas, para canto em versos. Este homem com essas dimensões, veio a falecer em 1900, marcou para todo o sempre, tendo seu jazigo de saudades, bem à frente no cemitério Santo Antônio, nesta capital.

Mas ficaram seus descendentes, filhos, netos e novas gerações, espraiando nos imensos bairros de Campo Grande e no estado do Mato Grosso do Sul; famílias numerosas que levam o sobrenome Pereira, cuja dimensão é difícil de se aquilatar nos dias atuais.
Artigo publicado no Jornal O Estado, pag. 2 do dia 06/11/2018, por Arthur Jorge do Amaral da UBE-MS.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Série Histórica - Guerra de Canudos Parte 7: Vida Festiva

Canudos vista pela arte Naïf
A vida urbana organizou-se rapidamente. O consenso e a coesão garantidos pela adesão à pregação religiosa regiam as linhas gerais do comportamento da população. Ali não se bebia e não se jogava. Segundo Euclides da Cunha, certa vez o líder mandou destruir a machadadas os barris de um carregamento de aguardente chegado de Juazeiro, expulsando a seguir os tropeiros que haviam introduzido a mercadoria.Porém, temos referência à ingestão de bebidas alcoólicas no arraial.

A prostituição não era admitida. Entretanto, a vida sexual dos habitantes da aglomeração não era rígida. Como era e é normal entre as comunidades rurais brasileiras, o concubinato e as uniões livres eram tolerados e bastante difundidos.

Havia uma cadeia, conhecida como "poeira", cujo próprio nome indica que era pouco usada. Ela servia apenas para reprimir pequenas faltas. Quando ocorriam delitos e crimes mais graves, os responsáveis eram banidos da comunidade ou entregues às autoridades da comarca de Monte Santo. Como jamais se arrogou indevidamente poderes eclesiásticos, Antônio Conselheiro procedeu do mesmo modo em relação ao poder civil.

A vida cotidiana dos habitantes esteve profundamente associada ao sagrado.A comunidade era concebida como um espaço reservado aos eleitos de Deus. Uma terra em que corria um "rio de leite", com "barrancos de cuscuz de milho", isto é, um local de abundância e de felicidade.

O aspecto da Montanha de Piquaraça, a uns 100 quilômetros de Canudos, levou o missionário católico Apolônio de Todi, no final do Século XIX, a compará-la com o Calvário de Jerusalém, em que Jesus foi crucificado. Uma capela foi erigida nas proximidades e o local passou a ser chamado de Monte Santo. Como veremos, Monte Santo foi um dos principais pontos de apoio das expedições lançadas contra o arraial conselheirista.

De maneira similar, o nome Belo Monte não seria uma alusão ao Monte Tabor, onde, segundo a tradição popular cristã, Jesus iria retornar, antes do juízo final para juntar-se a seus seguidores fiéis e instaurar um reino de paz e prosperidade que duraria mil anos?

No interior de Belo Monte, os sertanejos expressavam de várias formas sua crença na intervenção das forças sobrenaturais. É crível que ao menos uma parte da comunidade vivesse aguardando ansiosamente o fim dos tempos, identificando em Antônio Conselheiro o profeta e o emissário direto da divindade. Viviam sob disciplina religiosa, acreditando que seriam punidos os que não cumprissem suas obrigações para com Deus.

Acreditava-se também, piamente, na intervenção sagrada por meio de milagres e prodígios realizados através de intermediários entre o Criador e os homens. A população atribuía ao Conselheiro esse papel de mediador. Ele era respeitado como líder, venerado como profeta, admirado e temido como milagreiro e taumaturgo.

Corriam, de boca em boca, narrativas relacionadas ao modo como Antônio Conselheiro realizara feitos miraculosos ou amaldiçoara os inimigos. Algumas foram incorporadas ao folclore nordestino, sendo transmitidas oralmente até os dias atuais.

Conta-se que Antônio Conselheiro, certa vez, diante de uma procissão, realizou o milagre de fazer verter água das paredes de uma igreja , ou que , ao tocar com seu cajado na ponta de uma madeira pesada, que seria empregada na construção da igreja, ela ficara leve tal qual uma pena. Houve até quem o considera-se santo idolatrando-o como se fosse um ente divino. Entretanto, segundo parece, Antônio Maciel desaprovava esses extremismos religiosos e místicos. Preferia ser chamado singelamente de "peregrino".

A religião cabocla, resultante de profundo sincretismo, congregava em si elementos do catolicismo popular português com crenças e rituais  indígenas e de origem africana. A exteriorização da crença mesclava aspectos do culto católico ( preces, romarias e penitências ) com ritos, cerimônias talismãs e amuletos pertencentes ao universo mágico-religioso das tradições indígenas e africanas.

Uma das tradições indígenas verificadas em Belo Monte ocorria no mês de agosto, quando os descendentes de indígenas bebiam um licor feito de jurema ( planta nativa fortificante e de propriedades alucinógenas ), fumavam e bebiam cachaça, numa mostra da persistência dos rituais de cunho pagão. Essa tradição sugere que a interdição de bebidas alcoólicas não seria tão restrita.

Ao cair da tarde, todos os dias, as badaladas do sino da igreja anunciavam as rezas coletivas. Nestes momentos, era comum a separação da multidão em dois grupos: o dos homens e o das mulheres. Mesmo durante o período de conflito armado, essa atividade continuou a ser realizada habitualmente. Até o momento em que foi morto alvejado por balas do exército, Timotinho cumpria pontualmente a sua função de sineiro, chamando o povo para procissões e orações.

Após a destruição de Belo Monte, em meio às ruínas e aos corpos carbonizados dos cadáveres, soldados, jornalistas e espectadores puderam constatar o quanto o sentimento religioso orientara as ações dos moradores, encontrando nos escombros das moradias destroçadas variados tipos de rosários, crucifixos, imagens, amarrotadas de santos , figas, cartas santas, orações e benditos em caderninhos costurados e escritos com a caligrafia rudimentar dos semiletrados.

Mesmo os adversários declarados de Antônio Conselheiro não denunciaram qualquer forma de desvio da religião católica no interior da cidade. O frade italiano João Evangelista de Monte Marciano, destacado pelo arcebispo da Bahia, em 1895, para realizar uma missão espiritual naquele lugar, apesar de demonstrar grande antipatia pelos caboclos e por seu líder, atestou a retidão espiritual do povoado. O único erro apontado dizia respeito ao rigor excessivo na conduta moral dos fiéis e ao fato de que o velho peregrino substituía os representantes diretos da igreja.

O "beija" a que se referiu com desdém o emissário do arcebispo era uma cerimônia particular. Depois das rezas, das ladainhas ou dos terços e antes da pregação, Antônio Beatinho, um dos colaboradores diretos de Conselheiro, tomava um crucifixo nas mãos, e depois, pequenas estatuetas da virgem, de Cristo e dos santos, beijando com êxtase cada uma das imagens, sendo imitado pela multidão que, em fila, reverenciava os ícones sagrados.

Não se pense que a atmosfera de misticismo inibisse o espírito alegre e festivo do sertanejo. As pregações religiosas diárias eram momentos de congregação e socialização geral. Nem todos os habitantes eram ascetas e o próprio Conselheiro jamais obrigou alguém a frequentar as cerimônias. As mulheres em maior número, e os homens sinceramente tocados pela piedade compareciam frequentemente às rezas. Quanto aos demais, bastava viverem honestamente, cumprindo com seus deveres e obrigações, sem fazer mal ao próximo.
Em ocasiões festivas, o sacro misturava-se ao profano. O povoado era todo embandeirado, os sinos rebimbavam, realizavam-se disputas de tiro ao alvo. Nas vaquejadas periódicas, os cavaleiros e os vaqueiros demostravam habilidade e destreza no trato com as manadas no laço e na montaria.

Nas feiras e nos pontos de comércio, enquanto os negociantes e o povo comum vendiam e trocavam seus produtos, os cantadores improvisavam versinhos e cantigas, em que o líder máximo era geralmente enaltecido, e anunciava-se a derrota próxima dos adversários. mas sobrava também inspiração para os sentimentos de afeição.

Nas formas de sociabilidade permitidas e difundidas entre os caboclos, as festas em homenagem aos santos, e especialmente as festas natalinas, eram integradas por danças, música e muita comida. Em 1893, depois da conclusão dos trabalhos de restauração da igreja velha, a inauguração foi festejada com música e estouro de fogos de artifício. A queima de fogos nas festas de São João era das maiores da região. Mesmo em momentos menos solenes, por ocasião de casamentos e batizados, por exemplo, comemorava-se com tiros de espingarda, fogos, vivas e banquetes. Nas proximidades, abundavam o salitre e o enxofre necessários para a fabricação de pólvora.

Nada indicava a predominância de tristeza ou da circunspeção excessiva, parecendo infundadas as acusações de fanatismo dirigidas aos conselheiristas. pelo contrário, os dados gerais relativos aos costumes vigentes demonstravam de forma clara o quanto toda a comunidade participava do modo tradicional de vida do mundo sertanejo. A diferença fundamental era de que tal vivência ocorria de forma autônoma e independente das instituições representantes do poder. Belo Monte constituía um estado dentro do estado. Um estado rústico, informal, de fronteiras e cidadania indefinidas, mas capital conhecida: Belo Monte.

A figura carismática de Antônio Conselheiro sobressaía não apenas dentro ou nas imediações do arraial. Sua influência era reconhecida em toda a Bahia e mesmo em outros estados do Nordeste. A fama chegava a tal ponto que retratos seus eram expostos nas paredes de muitas casas em Salvador. A posição de liderança de número tão expressivo de seguidores garantiu-lhe uma autoridade reconhecida por fazendeiros e por políticos baianos influentes.

No arraial de Belo Monte, o velho peregrino, além de líder religioso, era o protetor pessoal de toda a coletividade. Antes mesmo da fundação do arraial, muitos pediam para que o homem santo servisse de padrinho para seus filhos, honrando-os com sua proteção.

Entre 1880 e 1892, somente na cidade de Itapicuru de Cima, Conselheiro batizou 92 crianças, indicando com madrinha a virgem Maria. Não parece absurdo supor que no arraial tal tipo de prática existisse. Neste ponto, o conselheiro assumia a posição de pai e protetor, costumeiramente desempenhada pelos coronéis. Essas relações e alianças interpessoais  desempenharam, certamente, um importante papel quando da resistência armada.

Conselheiro possuía enorme prestígio; por isso mesmo despertava a admiração, mas também a inimizade. Em pouco tempo, o arraial de Belo Monte tornou-se referencial para os pobres de todo o sertão. Tornou-se , ao mesmo tempo, uma ameaça real para os representantes do poder regional.

Com o aumento gradativo das pressões, o conflito violento parecia inevitável. Disso, os próprios conselheiristas pareciam ter ciência.

A figura carismática de Antônio Conselheiro sobressaía não apenas dentro ou nas imediações do arraial. Sua influência era reconhecida em toda a Bahia e mesmo em outros estados do Nordeste. A fama chegava a tal ponto que retratos seus eram expostos nas paredes de muitas casas em Salvador. A posição de liderança de número tão expressivo de seguidores garantiu-lhe uma autoridade reconhecida por fazendeiros e por políticos baianos influentes.

No arraial de Belo Monte, o velho peregrino, além de líder religioso, era o protetor pessoal de toda a coletividade. Antes mesmo da fundação do arraial, muitos pediam para que o homem santo servisse de padrinho para seus filhos, honrando-os com sua proteção.

Entre 1880 e 1892, somente na cidade de Itapicuru de Cima, Conselheiro batizou 92 crianças, indicando com madrinha a virgem Maria. Não parece absurdo supor que no arraial tal tipo de prática existisse. Neste ponto, o conselheiro assumia a posição de pai e protetor, costumeiramente desempenhada pelos coronéis. Essas relações e alianças interpessoais  desempenharam, certamente, um importante papel quando da resistência armada.

Conselheiro possuía enorme prestígio; por isso mesmo despertava a admiração, mas também a inimizade. Em pouco tempo, o arraial de Belo Monte tornou-se referencial para os pobres de todo o sertão. Tornou-se , ao mesmo tempo, uma ameaça real para os representantes do poder regional.

Com o aumento gradativo das pressões, o conflito violento parecia inevitável. Disso, os próprios conselheiristas pareciam ter ciência.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Dígrafo - 4º Ano

Níquel Náusea de Fernando Gonsales
Dígrafo é o conjunto de duas letras que representam um único fonema, ou seja, um único som.

Há dois tipos de dígrafos: dígrafo consonantal e dígrafo vocálico.

Lembre-se! Dígrafo vem de di, que é o mesmo que dois e grafo, que é o mesmo que escrever. Assim, escreve-se duas letras, mas o som é apenas de uma.

Encontro de duas letras que representam um fonema consonantal. Os principais são: ch, lh, nh, rr, ss, sc, , xc, gu e qu.

ATIVIDADES

1 - Leia a tira e observe como o autor cria o humor.
a) De que parte do corpo o elefante cuida bem? Por quê?
b) Quantos fonemas têm nas palavras: talquinho, chulé e tivesse?


2 - Escreva uma frase sobre você usando um dígrafo.

3 - Copie as palavras acrescentando a letra h para descobrir novas palavras com dígrafos.
a) bico: __________           e ) galo: _________
b) lance: __________         f) sono: __________
c) cama __________          g) vela __________
d) fila: __________             h) tela __________

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
QU e GU
São dígrafos apenas quando seguidos de e ou i e quando não se pronuncia a vogal u:
  • queda;
  • guerra;
  • quitanda;
  • guito;
Não são dígrafos quando seguidos de a e o ou quando a vogal u é pronunciada:
  • quase;
  • quadro;
  • aquoso;
  • cinquenta;
  • frequente;
  • tranquilo;
  • linguiça;
  • aguentar;
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
4 - Sublinhe os dígrafos nas palavras abaixo:
chateado        terreno        filhote          sonhador
guidão            quero          pássaro       descida
ninho              mulher        carroça        chave


5 - Circule somente as palavras em que o grupo de letras destacado é o dígrafo.
escola       água       assado       chinelo
queria       febre       milho          piscina
águia        banho      corrida       adversário

a) Que palavras sobraram? Exeplique por que, nelas o grupo de letras não é dígrafo.


6 - Entre as palavras abaixo, escolha as que completam adequadamente o texto a seguir.

essas - trihões - Terra - chance - mil - algumas - nenhuma - Júpiter - casa

[...] há 200 __________ de toneladas de seres vivos vivendo sob o chão. [...] Sem essa turma trabalhando ali embaixo, a vida sobre a __________ não teria a menor __________. Para começar, __________ criaturas nos mandam, lá do seu universo encardido, ingredientes imprescindíveis para a conservação da vida em todo o planeta[...]


RESPOSTAS

1 -
a - dos pés. Por causa do tamanho de seu nariz, ele pode sentir mais o cheiro ruim.
b - talquinho: 7 fonemas;     chulé: 4 fonemas;      tivesse: 6 fonemas

2 - Resposta pessoal

3 - bicho, lanche, chama, filha, galo, sonho, velha, telha

4 - ch, rr, lh, nh, gu, qu, ss, sc, nh, lh, rr, ch

5 - assado chinelo, queria, milho, piscina, águia, banho, corrida
a - As palavras escola, febre, adversário, e água. As três primeiras apresentam encontro consonatal e, na última, a letra u do grupo gu é pronunciada.

6 - trilhões, Terra, chance, essas.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Série Histórica - Guerra de Canudos Parte 6: Casinhas de Barro


Em 1897, após a invasão pelas tropas governamentais, Alvim Martins Horcades, um dos integrantes da equipe de estudantes da Faculdade de Medicina da Bahia que prestou atendimento médico aos feridos nos momentos finais do combate, descreveu as moradias dos caboclos:

"Eram todas as casas construídas muito toscamente,
sendo as paredes feitas com paus grossos amarrados sob varinhas
e cobertas de barro branco.
Os tetos de algumas eram de folhas de icó e palhas cobertas de barro,
também branco com pedrinhas roliças.
Tinham apenas uma sala, um quarto e um compartimentozinho
que servia de cozinha e sala de jantar ao mesmo tempo.
Algumas havia que tinham espessas paredes,
porém arranjadas na ocasião da investida
feita pela força ( exército ),
pois constavam elas de uma sólida estacada
cheia de grandes pedras
que impediam a perfuração por qualquer projétil."

O mobiliário era rústico e reduzia-se a três ou quatro peças. Pedaços de lenha serviam de móveis improvisados. Suportes de madeira substituíam cadeiras e mesas. Havia ainda redes de dormir, banquetinhas, cestos de palha trançada, recipientes de couro ou cabaças para guardar água. Os alimentos eram preparados em fogueiras feitas de graveto, a céu aberto, em que três ou quatro pedras faziam as vezes de fogão. Comia-se em pratos ou recipientes fabricados de baro, madeira ou lata.

Os homens vestiam calças de algodão listrado, camisas grosseiras, gibão, coletes e jaquetas de couro curtido, e sandálias de couro cru. As camisas, os camisões e os vestidos das mulheres eram fabricados no próprio local, com fibras conseguidas nas vizinhanças, mas que também podiam ser adquiridas no comércio local.
Os homens de confiança de Antônio Conselheiro, integrantes da Guarda Católica, vestiam calças e camisas de algodão azul, cobriam cabeça com um gorro também azul e calçavam alpargatas. Enfim, vivia-se no desconforto e na rusticidade, sob padrões de sobrevivência bem conhecidos dos pobres do sertão. havia porém uma importante diferença. Em Belo Monte não existia fome e reinavam a solidariedade e a autonomia populares.
No centro do arraial, localizavam-se as edificações mais importantes: a igreja velha e a igreja nova ( inacabada ), as casas comerciais e as moradias dos personagens mais importantes do lugar. Eram habitações maiores, melhor aparelhadas e distintas das demais por serem cobertas com telhas, superiores nas dimensões às outras habitações. Destacavam-se ainda o cemitério planejado por Antônio Conselheiro e a casa fortificada ( o Santuário ), dentro da qual o Conselheiro permanecia retirado boa parte do tempo.

Era grande a preocupação do líder religioso com a instrução dos moradores. Antônio Conselheiro, dando continuidade ao trabalho pedagógico iniciado décadas antes no Ceará, mandou construir escolas em Belo Monte, dirigindo-as pessoalmente. Mandou trazer um professor da cidade de Souré, chamado Moreira, que morreu pouco antes da deflagração da guerra. Para substituí-lo, foi contratada Maria Francisca de Vasconcelos, uma jovem de 22 anos, que estudara na Escola Normal de Salvador, proibida pela família de casar-se com um jovem trabalhador de origem humilde, fugira com ele, indo morar, inicialmente, em Souré, e depois, em Belo Monte.

Poucos e estreitíssimos becos entrelaçados separavam os casebres. A rua principal, situada no centro da comunidade, chamava-se Campo Alegre. Outros becos ou ruelas ( a dos Caboclos, da Caridade, do Cemitério, da Professora ) indicavam pontos significativos para os habitantes. Ao contrário, a rua dos Negros assinalava uma ocupação populacional étnica bem delineada no interior do reduto sertanejo.

O zoneamento urbano, o material com que era construída, tudo fazia com que a povoação quase se confundisse e se mimetizasse com o meio de onde se levantava. A distribuição não-simétrica das casas e a comunicação feita por meio dos pátios e caminhos irregulares chocavam-se com o urbanismo racionalista das cidades litorâneas que seguiam o modelo urbanístico europeu. Ao contrário, elas lembravam importantes centros urbanos do Sudão Ocidental, na África, onde as cidades eram muitas vezes formadas por vilas que se aglutinavam, metamorfoseando-se em bairros.

A configuração do espaço ocupado de Belo Monte certamente provocava um impacto visual nos espectadores acostumados com as aglomerações no estilo ocidental do litoral. Um deles, o frei João Evangelista do Monte Marciano, chegou a compará-la a um "acampamento de beduínos", registrando seu profundo preconceito com relação às populações e à cultura sertaneja.

Nos pontos comerciais e na feira ao ar livre realizada semanalmente, vendiam-se e compravam-se os gêneros básicos de consumo da região, os gêneros alimentícios ( queijo de cabra, goiabada, cebola, alho, rapadura, farinha, carne-seca ), utensílios e instrumentos domésticos ( cestas, ferramentas ) e até mesmo armas. A moeda utilizada no Império e na República circulava livremente em Belo Monte.


A quantidade de dinheiro jamais foi expressiva. As condições gerais de vida eram precárias e era baixo o nível de desenvolvimento da economia monetária na região. Comumente, os sertanejos realizavam seus intercâmbios pela troca simples e direta, sem utilizarem a moeda.

Com o tempo, Antônio Vila Nova, o mais importante comerciante conselheirista, criou um vale impresso amplamente aceito nas localidades vizinhas e que acabou substituindo o dinheiro nas trocas. também neste caso, o arraial de Belo Monte ofereceu alternativas para seus moradores, que se tornavam autônomos perante o sistema dominante e a sociedade de classes da época. É importante lembrar que o privilégio da emissão de moeda é um monopólio dos estados independentes.

Do mesmo modo, a vida econômica regia-se por princípios diferenciados dos tradicionais. No momento em que ingressavam na cidade os recém-chegados doavam "parte" de seus bens a uma caixa comum. Isso não quer dizer que a noção de propriedade fora abolida. Mantinha-se o direito de propriedade sobre a produção familiar, alguns bens, e determinados integrantes vinculados ao comércio acumularam riquezas.


A existência de um fundo comum garantia a manutenção da parcela da população que não tinha meios próprios para subsistir dignamente e financiava a estrutura administrativa rudimentar do arraial. Em vez de socialismo ou igualitarismo absoluto, incompatíveis com o próprio nível de desenvolvimento material e espiritual daquele grupo, é preferível pensar na existência de um comunitarismo fundado na ideia da solidariedade coletiva.

Nas imediações do povoado, praticava-se a caça e cultivavam-se gêneros alimentícios ( milho, feijão, batata, batata-doce, abóbora, melancia, melão, cana-de-açúcar ). Abundava nas proximidades do rio Vaza-Barris o umbuzeiro, cujo fruto era bastante apreciado por conter bastante líquido. Havia ainda mangabeiras e várias espécies de palmito e coqueiro, que serviam de "celeiro" para os habitantes.

O trabalho agrícola baseava-se na exploração comunitária do solo por meio das multirões ( realizados quando da semeadura, na limpeza da roça, no plantio da colheita ). Essa forma de cooperação foi elemento fundamental durante a existência da comunidade. Ela permitiu que cada indivíduo participasse diretamente na manutenção da coletividade, garantindo condições mínimas de sobrevivência para todos.


Somado ao trabalho realizado no arraial, os moradores prestavam serviços nas imediações. Dando mostras de manter boa relação com pelo menos determinados fazendeiros, Antônio Conselheiro incentivava os integrantes de seu rebanho a venderem a força de trabalho nas propriedades rurais das vizinhanças em troco de pagamento diário. Parte dessa renda terminaria na caixa comum.

Os conselheiristas contavam com a entrega de bens por parte de admiradores e constantemente solicitavam a doação de mantimentos e de equipamentos ( este últimos empregados na construção da igreja nova ) aos comerciantes e fazendeiros abastados da região. Por motivos óbvios, os proprietários certamente contribuíam prontamente com o pedido.

A pecuária representou a principal atividade econômica do arraial. Além da criação de gado bovino e equino, Belo Monte possuiu grande rebanho de cabras e bodes, comerciando largamente os produtos deles derivados nas vilas e cidades próximas. As peles eram curtidas com o sal e o sumo da casca da planta chamada favela. Em seguida eram enviadas a Juazeiro, cidade próxima do rio São Francisco, para serem transportadas de trem até Salvador. Dali eram exportadas até mesmo para o exterior.

Na beira do rio Vaza-Barris, existiam quatro curtumes e pelo menos três casas comerciais negociavam exclusivamente com o couro, que se tornou a mercadoria mais valiosa nos intercâmbios econômicos realizados por negociantes como Joaquim Macambira, homem bem relacionado fora do povoado. Longe, pois, de representar a estagnação, o atraso e o isolamento, a comunidade de Belo Monte, integrava-se às condições do sertão, dando mostras de grande vitalidade e demonstrando amplas possibilidades de articulação com os demais povoados e aglomerações locais.
Este artigo tem como base bibliográfica a obra Belo Monte uma História da Guerra de Canudos, de José Rivair Macedo e Mário Maestri, da Editora Moderna que faz parte da Coleção Polêmica.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Holocausto - A Alemanha Contra os Judeus

Adolf Hitler
A relação de ódio declarado entre a Alemanha Nazista e os judeus de toda a Europa ( e do mundo ), durante a Segunda Guerra Mundial mudou significativamente a geografia do planeta depois de 1945. Direta e indiretamente. E continua a gerar conflitos dos mais diversos, que envolvem aspectos religiosos e econômicos, principalmente na região do Oriente Médio, onde foi estabelecido o Estado Judeu de Israel no ano de 1948.

A gênese da perseguição que levaria ao extermínio em massa dos judeus não está relacionada diretamente à subida de Adolf Hitler ao poder em 30 de janeiro de 1933. O futuro führer não pregou de imediato a propaganda anti-semita. Recorreu inicialmente a um discurso anticapitalista e à promessa de resolver os graves problemas econômicos da Alemanha, que se arrastavam e só pioravam desde o fim da Primeira Grande Guerra, em 1918.

A pregação anti-semita já existia, mas estava num plano que se poderia chamar de secundário, supostamente menos importante. A política nazista considerou como inimigo central prioritário os adversários políticos. Sobretudo comunistas e social-democratas, que se tornaram, antes mesmo do início da guerra, as primeiras vítimas dos campos de concentração. Pouca gente sabe, mas esses locais de isolamento prisional em grande escala entraram em funcionamento já em março de 1933, poucas semanas depois da ascensão de Hitler.

Como se verá a seguir, foi a partir de 1936, que teve início o encarceramento de homossexuais, Testemunhas de Jeová, cristãos, criminosos condenados e alguns considerados "associais" ( ou seja ciganos ), prostitutas e pessoas sem residência fixa. Entre os anos de 1933 e 1938, os nazistas adotaram gradativa e intensamente medidas que acabariam por excluir os judeus da vida econômica e social da Alemanha.
Testemunhas de Jeová, os triângulos roxos
Nesse período, a intenção pareceu ser forçá-los à emigração para outros países, além do império-germânico idealizado por Hitler. Era um propósito extremo e absurdo, uma vez que os judeus só representavam menos de 1% da população do país.
Até a eclosão da guerra, em 1939, o número de judeus tanto da Alemanha quanto da Áustria diminuiu pela metade por causa da emigração e da perseguição. A finalidade dessas medidas cada vez mais segregacionistas era eliminar por completo toda influência judaica em todos os setores do país ( economia, política, cultura, etc ). Depois, com a guerra, a partir de 1941, viria a ideia de se decidir pelo extermínio.

Documentos do Serviço de Segurança da Polícia Nazista ( SS ) sobre o "problema judaico" informava que "se deve exigir o aumento e a imigração assegurada" dos judeus. O texto afirmava que a emigração deveria ser tratada como uma medida "urgente" e ser "concentrada", isto é, "direcionada somente para pontos conhecidos a fim de evitar que em alguns países sejam criados grupos inimigos e que a população desses países se revoltassem contra a Alemanha".

À medida que a Alemanha caminhava para a guerra, o regime nazista divulgava ações antijudaicas. Ao mesmo tempo, incentivava e controlava a saída de judeus de seu território. estes eram obrigados a pagar uma taxa ao estado, tinham seus bens expropriados e só podiam levar consigo uma quantia limitada e irrisória de dinheiro, em espécie. Se não bastasse, alguns países europeus fecharam as fronteiras para a imigração ou as restringiram criminosamente para os judeus.


No campo de concentração de Buchenwald, para onde haviam sido levados 13 mil judeus, ocorreu o maior processo de soltura de prisioneiros da história da existência do campo. Cerca de 2,3 mil deles, sobretudo chamados "anti-sociais", foram mandados de volta para suas casa. Entre fevereiro e agosto de 1939, 2 mil judeus que já tinham documentos para emigrar, foram finalmente liberados, como ressaltou David Hackett, organizador do livro "O Relatório Buchenwald".

O contexto mudaria por completo a partir de 9 de novembro de 1938, quando o anti-semitismo ganhou prioridade para o regime nazista. Neste dia ocorreu o primeiro pogrom judaico na Alemanha do Século XX, num episódio que ficou conhecido como "A Noite dos Cristais". O termo foi uma referência às incontáveis vidraças, janelas e vitrines das casas e estabelecimentos judeus destruídos pelas tropas de choque nazistas e pela população alemã.

Estima-se que o ataque em massa tenha deixado milhares feridos, centenas desabrigados, casa e lojas destruídas. Quase 30 mil judeus foram presos e enviados para os campos de concentração de Dachau, Bunchenwald e Sachsenhausen, nos quais, posteriormente, muitos morreriam.

Era um movimento orquestrado nas altas esferas do reich, mais especificamente por Adolf Hitler e seu ministro da propaganda, Joseph Goebbels. O evento foi organizado pelas Divisões de Assalto ( SA ) da polícia hitlerista. Para isso, usou-se como justificativa o assassinato do alemão Ernst von Rath dois dias antes, em Paris, pelo judeu de sobrenome Grynszpan, de 17 anos, que supostamente quis se vingar do tratamento desumano dado aos seus pais, na Alemanha. A vítima era funcionário da embaixada alemã na França.

Como represália, nada menos que 91 judeus foram assassinados na Alemanha nessa noite e nenhum dos crimes acabaria no tribunal para julgamento dos culpados. As mortes aconteceram ao mesmo tempo em que a maioria das sinagogas da Alemanha era queimada ou destruída e 7,5 mil lojas de judeus eram apedrejadas ou saqueadas, o que gerou prejuízo de muitas centenas de milhões de marcos.

Os eventos que culminaram nos assassinatos de 7 e de 9 de novembro haviam começado, na verdade, em outubro de 1938, quando 20 mil judeus que viviam na Alemanha foram mandados para a fronteira da Polônia.Entre eles, encontrava-se a família de Grynszpan. Aquela era considerada uma terra de ninguém e os judeus foram amontoados em estábulos, sem alimentos ou assistencia.

Foi quando Zindel Grynszpan decidiu escrever a seu filho Herschel, em Paris. Ao receber uma carta de sua família relatando a situação na qual se encontrava, o jovem ficou desesperado. O governo polonês recusava-se a reconhecer a sua cidadania e, consequentemente, toda a famíliaficou apátrida. Grynszpan decidiu tomar uma atitude desesperada para chamar a atenção do mundo sobre a situação de sua família e dos judeus na Alemanha.

Dirigiu-se à embaixada alemã, alegando ter uma "encomenda" para entregar ao embaixador. Foi encaminhado ao escritório do terceiro secretário. Ao entrar na sala, o jovem atirou no funcionário alemão. para o governo alemão, o fato era uma "prova da conspiração judaica contra a Alemanha".

No dia 9 de novembro, Ernst von Rath morreu vítima dos graves ferimentos. Ao saber dessa morte, Hitler, furioso teria dito a Goebbels: "As tropas de choque devem ter permissão para agir".

Ao que Goebbels teria respondido: "se os distúrbios se intensificarem e se espalharem por outras regiões além de Berlim, não devem ser contidos".

Além de não terem sido contidos foram incentivados por membros do partido nazista.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Dossiê Descobrimentos - Homem à Vista

Mapa de Cantino, 1502

Quando o espanhol Rodrigo de Triana, marinheiro a bordo da caravela Pinta, avistou as Bahamas às duas horas da manhã do dia 12 de outubro de 1492, estava dando início àquela que provavelmente foi a maior transformação já ocorrida no globo. A chegada das caravelas ao Novo Mundo pôs os europeus em contato com novos produtos, novos hábitos e novas necessidades. A incorporação dessas regiões à esfera de influência da Europa teve grande importância econômica, política e estratégica.

Não restam dúvidas sobre a dimensão desse impacto do lado ocidental do Atlântico: as populações nativas sofreram perdas incalculáveis, a começar pela drástica redução populacional causada por doenças ( os índios eram vulneráveis a várias das enfermidades do Velho Mundo ), guerras e escravidão. Além disso, passaram por uma profunda alteração nos seus modos de vida em consequência de uma nova lógica econômica, religiosa e política. Mesmo aquelas parcelas ou grupos nativos que se enquadraram na nova ordem se viram em uma situação bastante diferente daquela anterior ao final do século XV. A integração da África e da Ásia a esse sistema mundial com base no Atlântico, que vai conhecer seu auge entre os séculos XVII e XVIII, levou essas alterações, com altíssimo custo humano ( aliás, desumano ) às outras partes do planeta.

A Europa, ou parte dela, foi beneficiária no processo – se levarmos em consideração que suas elites políticas e econômicas, que variaram ao longo de cinco séculos, do XV ao XIX, estiveram à frente da empreitada colonial. Os bônus foram variados: a consolidação de Estados nacionais, de dinastias, de casas e grupos comerciais, ligados quase sempre a produtos oriundos das colônias, como o açúcar de cana; de uma nova classe social vinculada ao início e ao desenvolvimento da industrialização; e de um sofisticado sistema bancário – tudo com base nas relações ultramarinas.

Ao lado desse óbvio enriquecimento, como é de se supor, há também uma generalização da pobreza, não só no campo, mas, principalmente, nos crescentes centros urbanos. A multidão inglesa nas grandes cidades da revolução industrial, entre os séculos XVIII e XIX ( época da incontestável primazia da Grã-Bretanha no cenário econômico mundial ), é a mais perfeita forma da miséria humana em todos os tempos. A fome e a indignidade que atingiram os trabalhadores pobres do centro do capitalismo formaram o caldo humano que alimentou as ideologias de esquerda mais ou menos radicais, e seu gosto amargo não foi totalmente esquecido nos nossos dias.

O legado americano à Europa, entretanto, não se restringe às riquezas materiais que estão na base da expansão capitalista. Além do ouro, da prata e das pedras preciosas, os produtos coloniais também ganharam espaço naquele continente e alteraram a vida da cristandade. A começar pelo estômago: para se ter uma ideia da contribuição americana, dois dos quatro principais vegetais consumidos no mundo têm suas origens na região. A batata – injustamente chamada de “inglesa” – é originária dos Andes peruanos, onde já era cultivada havia cerca de 7.000 anos para alimentação humana. Foi levada pelos colonizadores europeus primeiramente como curiosidade, mas logo se espalhou e se tornou uma das bases da alimentação mundial. O milho, por sua vez, era cultivado inicialmente na América Central, e quando os europeus chegaram, entre os séculos XV e XVI, já era consumido em todo o continente americano. Devido à facilidade de adaptação e às muitas variedades, tornou-se elemento indispensável na dieta humana.


A sobremesa não poderia ficar de fora: o chocolate, vedete do paladar do Ocidente ao Oriente, estrela das mais refinadas gastronomias, personagem principal de datas especiais nos nossos dias, é igualmente originário das Américas. Quando os conquistadores espanhóis chegaram ao México, perceberam que a iguaria era para poucos: era servida, por exemplo, ao imperador asteca, Montezuma II (1466-1520). Além disso, o cacau era utilizado em cerimônias religiosas e servia também como moeda. Entre os séculos XVII e XVIII, virou sensação na Europa e nunca mais deixou de ser associado à sofisticação do paladar [ ver RHBN nº 43 ].

Outro hábito emprestado dos nativos americanos, e que acabou sendo considerado civilizado séculos depois, foi o consumo do tabaco. Introduzido na Península Ibérica no século XVI, foi levado pelo representante diplomático francês em Portugal, Jean Nicot, à corte francesa – daí a homenagem no gênero do arbusto, nicotiana, e no nome do princípio ativo, a nicotina.

Entre os séculos XVIII e XIX, como toda moda adquirida da nobreza europeia, fumar virou sinônimo de sofisticação mundana, e os grandes centros “civilizados” do Velho Mundo promoveram a difusão do hábito – ou vício – em amplas camadas da sociedade, principalmente a partir da industrialização dos cigarros, no final do século XIX. Até bem entrado o século XX, mesmo com todas as provas científicas sobre os malefícios dessa toxicomania, fumar foi considerado um símbolo de modernidade, independência e civilidade.

Mas o grande impacto dos descobrimentos se deu mesmo no plano mental: entrar em contato com novas formas de organização social, estruturas políticas, hábitos alimentares, religiosidades, enfim, com novas culturas, trouxe aos europeus a noção de que os homens eram, em sua natureza, muito moldáveis. Levados para fora da Europa por um impulso ao mesmo tempo econômico e religioso, como rescaldo das intolerantes Cruzadas medievais, esses aventureiros acabaram se dando conta de que não havia apenas uma forma de se relacionar com o mundo, com os outros seres humanos e mesmo com as divindades.

Confrontados com uma diversidade inimaginável, que incluía canibais nus vivendo em formações tribais nômades ou vastos impérios territoriais que se dedicavam à construção de pirâmides e sacrifícios humanos, todos dotados de complexas cosmogonias, calendários e efetivas medicinas tradicionais, os oriundos da Europa cristã logo foram obrigados a reconhecer a humanidade de seres muito diferentes deles. Teólogos, filósofos e escritores produziram intensamente, por meio de debates falados e escritos, reflexões sobre o que seria a essência da humanidade, abrindo as portas para o que mais tarde, no século XVIII, seria formulado como “natureza humana”, rejeitando – ou, pelo menos, se abrindo à possibilidade para tal – a superioridade dos cristãos europeus sobre a totalidade dos grupos dispersos no globo.

Este impacto fica claro na mais famosa obra do inglês Thomas Morus, Utopia ( 1516 ). Trata-se de um relato ficcional sobre uma ilha recém-descoberta, onde os habitantes viviam em uma república perfeita, não conheciam a ideia de propriedade privada, colocavam a felicidade pública acima da individual, todos trabalhavam e, portanto, não havia exploração... Enfim, uma anti-Inglaterra, localizada convenientemente na América. Se pudesse haver uma forma perfeita de organização social – em tempos de divisões profundas na Europa, assolada por conflitos políticos e religiosos, agravados por transformações econômicas –, isto seria possível no Novo Mundo.

Se era aceitável a existência de uma formação política superior ( mesmo que utópica ) entre homens que não guardavam quaisquer relações com os do Velho Mundo, como rejeitar a humanidade dos americanos? O dominicano espanhol Bartolomeu de las Casas ( 1474-1566 ), bispo de Chiapas, no México, estava convencido da completa injustiça da escravização dos indígenas. Defensor de um modelo de colonização bem diverso daquele praticado pelos seus compatriotas, enfrentou políticos e teólogos, denunciou as atrocidades cometidas pelos espanhóis no Novo Mundo e morreu aos 92 anos como um autêntico humanista, na mais nobre acepção do termo.

Um humanismo que entrou definitivamente na pauta dos filósofos europeus pela pena de Michel de Montaigne, cujos Ensaios ( 1580-1588 ) tomavam como certa a universalidade do homem, e via como construções artificiais as instituições e os costumes do seu tempo. Esta visão, a longo prazo, abalaria as estruturas políticas, religiosas e sociais da Europa.

Dele a Rousseau ( 1712-1778 ), passando por todos os livre-pensadores franceses, os homens começaram a ser vistos como iguais em sua essência, embora variados em seus valores e modos de vida.

Os marinheiros de Colombo não sabiam, mas naquela viagem acabaram descobrindo um elemento até então incogitado: o homem.
Este texto foi originalmente publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional Nº 84, de setembro de 2012.
Texto de Rodrigo Elias.

Série Histórica - Guerra de Canudos Parte 5: A Comunidade Mística - Terra dos Justos

O Arraial de Belo Monte transformou-se em uma espécie de "terra prometida", à margem dos males da terra, para os adeptos do líder religioso. A proposta reformista de Antônio Conselheiro ultrapassou as fronteiras das classes subalternas, como é comum nessas situações. Há registros de pequenos, médios e grandes fazendeiros vendendo suas propriedades e se transferindo para o interior do arraial.

A fama de Antônio Conselheiro, crescente no decurso dos vinte anos de peregrinação pelos povoados, vilarejos e cidades, atraiu pessoas de inúmeras comunidades rurais baianas e de outros estados nordestinos. Localidades como Queimadas, Itapicuru de Cima foram abandonadas por centenas de moradores que rumaram para a cidade santa.

Para lá foram populares de de Inhambupe, Tucano, Cumbe, Bom Conselho, Natuba, Maçaracá, Monte Santo, Uauá, Entre Rios, Mundo Novo, Jacobina, Itabaiana, e outros núcleos populacionais distantes, dos estados do Sergipe e do Ceará.

Pelo alto das colinas, estradas e caminhos, deslocavam-se grupos de crentes em busca da famosa cidade. Pessoas traziam em macas, parentes doentes em busca de milagres. Vinham pequenos criadores, vaqueiros, mães de família e seus filhos, viúvas e pessoas sem eira nem beira. Pelas estradas de Calumbi, Maçaracá, Jeremoabo, e Uauá, transportavam-se mantimentos enviados de cidades como Vila Nova da Rainha e Alagoinhas, pelos admiradores do pregador.

O enorme contingente populacional foi responsável direto pela ampliação na dimensão territorial do sítio original da fazenda de Canudos. A área ocupada pelos conselheiristas em Belo Monte passou a ser aproximadamente 53 hectares. Em 1895, a população oscilava entre 5 e 8 mil habitantes. Em 1897, uma comissão de engenheiros militares avaliou a existência de mil casas, o que corresponderia a uma população de aproximadamente 26 mil habitantes.


Em 1897, o capitão Manuel Benício, correspondente do Jornal do Comércio, comentava a esse respeito:

"As casinhas vermelhas cobertas de barro
da mesma cor salpicavam a esplanada
desordenadamente em número de mil,
pouco mais ou menos."

Euclides da Cunha estimava a existência de 2 mil casas. Para Marco Antônio Villa, o número apresentado pelo exército é exagerado. Com a informação, a oficialidade buscava justificar as derrotas seguidas das forças armadas durante a guerra contra os caboclos.

Os moradores do arraial pertenciam a grupos étnicos e a camadas sociais bastante heterogêneos. os registros e os testemunhos contemporâneos indicam a existência de indivíduos brancos e negros, mas sobretudo mestiços. Ali se encontravam em número maior, pardos, cafuzos e mamelucos. esses traços, aliás, correspondiam à composição genérica do processo de formação étnica dos sertões nordestinos. O caboclo constituía o resultado do complexo amálgama iniciado com a colonização brasileira. Constituía a prefiguração do brasileiro tipo, negada, pois temida e abominada, por Euclides da Cunha, em Os Sertões: Campanha de Canudos.

É igualmente atestada a presença indígena em Belo Monte. Muitos dos populares que foram para o arraial tinham nas veias o sangue nativo da região. Ela pode ser confirmada na predominância de vocábulos de origem indígena em denominações geográficas como Pambu, Patamoté, Uauá, Bendengó, Cumbe, Cocorobó, Xiquexique, Jequié, Catolé e outras.


Há fortes indícios da existência de índios não-miscigenados no arraial. Algumas tradições dos caimbés de Maçaracá e dos quiriris de Mirandela subsistiram na comunidade, tendo lá inclusive morrido seus dois últimos pajés. Entre os vestígios encontrados no sítio arqueológico há instrumentos e objetos tipicamente indígenas.

Pesquisas recentes demonstram cada vez mais a participação de negros e ex-escravos na comunidade, entre os conselheiristas e entre os chefes da resistência. Belo Monte recebeu todos os refugiados e sofridos, sem distinção.

Antes mesmo de se estabelecer em Belo Monte, Antônio Conselheiro era seguido ( ou ouvido ) por cativos e negros forros.

Nas proximidades de Canudos, existiram redutos de escravos foragidos. No Século XIX, havia quilombos nas cercanias de Jeremoabo e Monte Santo, localidades vizinhas do arraial. Ex-escravos, negros livres e pardos, abandonados à própria sorte após a abolição, encontraram um refúgio em Belo Monte.

Grupos de ex-escravos instalaram-se no arraial, ocupando uma área conhecida como Rua dos Negros. Homens negros desempenharam papéis de comando ( entre os quais o célebre Pajeú ) na resistência militar conselheirista.

Entretanto, índios e negros puros constituíam a minoria da população. A historiadora Yara Bandeira de Ataíde afirma que apenas 4,95% dos habitantes eram negros puros.

A maioria esmagadora dos conselheiristas podiam ser chamados de "morenos acaboclados", mulatos, "escuros" e caboclos, revelando os caracteres físicos típicos do sertão nordestino: cabelo corredio duro ou levemente ondulado, estatura mediana ou baixa.

Quanto à origem social dos conselheiristas, parece não haver dúvida de que em sua maioria, provinham dos estratos mais humildes da sociedade da época. Havia comerciantes e pessoas de posses em Belo Monte. Porém, constituíam parcela inexpressiva. Homens como Antônio da Mota, Joaquim Macambira e Antônio Vila Nova tornaram-se chefes militares ou administrativos e ativos negociantes.

Havia professores, enfermeiros e um médico no arraial. Mas a maior parte dos habitantes desempenhava atividades vinculadas aos ofícios artesanais: mestres-de-obras, pedreiros, pequenas vendedoras, cozinheiras, etc. A comunidade dava abrigo aos deserdados, recebendo um grande número de camponeses analfabetos; pastores e vaqueiros das caatingas; e fugitivos e valentões locais, hábeis no manejos das armas, que viriam a ser designados, de forma pejorativa de jagunços.

A distribuição e a organização do povoado era igual a das outras comunidades sertanejas vizinhas. Porém, no arraial, o forte crescimento populacional determinou uma apropriação desorganizada do espaço habitado. Em geral, as casas construídas possuíam 40 metros quadrados de área. Eram feitas de barro e de madeira, com dois ou três compartimentos e cobertas com folhas de plantas locais. Possuíam uma porta e pequenas janelas.
Este artigo tem como base bibliográfica a obra Belo Monte uma História da Guerra de Canudos, de José Rivair Macedo e Mário Maestri, da Editora Moderna que faz parte da Coleção Polêmica.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Série Histórica - Guerra de Canudos Parte 4: A Comunidade Mística - A Situação Geral

Em 1983, quando Antônio Conselheiro conduziu seus discípulos para Canudos, o povoado era pequeno, perdendo-se no meio dos vilarejos levantados em torno das inúmeras fazendas baianas. Porém, em um período de quatro anos, tornava-se um dos maiores núcleos populacionais do estado.

Com a chegada dos conselheiristas, o arraial foi renomeado, passando a ser chamado de Belo Monte. O novo nome deu um novo sentido a comunidade. O nome de Belo Monte simbolizava a revalorização geográfica do local. Enquanto Canudos lembrava decadência e abandono, Belo Monte apontava o lugar de encontro dos eleitos com uma vida melhor.

Contrastando com a prosperidade aparente das cidades beneficiadas pelas plantações de cana-de-açúcar e cacau, situadas mais para o litoral, a paisagem do interior baiano denotava a pobreza e o abandono, denunciando as profundas desigualdades entre as áreas costeiras e o sertão.

As condições de vida miseráveis nos pequenos povoados evidenciavam a estagnação econômica e as dificuldades enormes vividas pelos sertanejos.

Nas comunidades compostas algumas por dezenas ou poucas centenas de casas em torno de uma rua principal, alguns pontos comerciais e uma capela ou igreja, agrupavam-se moradores pobres envolvidos com o pequeno comércio, com o artesanato rústico, com o trabalho da terra nas fazendas circunvizinhas.

Canudos não era exceção. Surgido no Século XVII, o vilarejo desenvolvera-se em torno de uma fazenda típica. O nome do povoado saíra de uma das plantas da região: os canudos-de-pito. Para alguns estudiosos, em 1893, Canudos contava com pouco mais de 50 casebres erigidos nas imediações de uma velha igreja, de uma casa-grande e de alguns pontos comerciais. Era habitada por uns 250 moradores, envolvidos com as habituais atividades de subsistência das comunidades rurais.

Sua localização geográfica era típica do sertão. Situado a aproximadamente 270 quilômetros longe da capital, distanciado das planícies costeiras, o povoado era cercado por grandes irregularidades do relevo, destacando-se grande serras e montanhas, como a Serra Grande, a de Anastásio, a de Cambaio, a de Coxomongó, a de Calumbi, e a de Aracati. Na proximidade do arraial estava o Morro da Favela.

Favela é o nome de um vegetal existente no sertão baiano.

No sopé do morro, os conselheiristas montaram suas residências. Foram essas cabanas de barro e taipa que deram nome as casas miseráveis dos nordestinos que a partir do início do Século XX, migraram para o Rio de Janeiro.

O solo da região era seco e pedregoso. A vegetação era de árvores, arbustos e leguminosas típicos do semi-árido. Nos campos gerais, nos tabuleiros, nas caatingas, nas matas e nos serrados agrestes germinavam macegas, bromélias, macambiras, umbuzeiros, catingueiras, alecrins-dos-tabuleiros, caroás, e gravatás, adaptados à falta de água. era uma paisagem triste, rude, monótona, características de lugares de temperaturas elevadas e clima seco.

Nas proximidades de Canudos, corriam os rios Itapicuru e o Vaza-Barris, cujo nível das águas mantinha-se apenas no período das chuvas. Durante o resto do ano, podia ser cruzado a pé. Apenas alguns depósitos de água resistiam. A cidade sertaneja desenvolveu-se justamente na parte mais larga do rio, beneficiando-se das águas de suas cheias.

No sertão a época das chuvas, geralmente é, entre dezembro e maio. Os sertanejos chamam "trovoadas" os temporais rápidos e violentos, essenciais para a revitalização dos leitos de rios e riachos, e o acúmulo de água em tanques e cacimbas. Durante o período de estiagem, quente e seco, eles fornecem o único estoque de água.

Havia também, como há hoje, o flagelo das secas. Houve um ciclos de secas no sertão nordestino que assolou periodicamente as populações rurais, desde meados do Século XVIII. Nesses momentos, além do martírio provocado pela carestia e pela fome, havia o desenraizamento, as migrações. A seca de 1877-1879, uma das piores do Século XIX, expulsou multidões de sertanejos em direção às cidades do litoral e às regiões Norte e Sudeste.

Somente no Ceará, durante a seca de 1877, teriam morrido em torno de 64 mil pessoas.

Os corpos malnutridos, as péssimas condições higiênicas, favoreciam as doenças infecto-contagiosas. Era enorme o número de vítimas de epidemias de varíola, cólera e catapora. Entre 1855 e 1857, ao menos 29 mil pessoas morreram vítimas do cólera na Bahia. Na década de 1880, a vacinação contra a catapora foi suspensa, pela falta de vacinas.

Comissões de assistência distribuíram roupas, suprimentos e sementes para flagelados. As embarcações ferroviárias ou fluviais transportavam carregamentos de emergência com alimentos ( carne-seca, mandioca, milho, feijão ), sempre insuficientes para o exército de desvalidos que se aglomerava nas ruas e nas praças das cidades.

A fome, a desnutrição e a exposição às doenças não se restringiam aos períodos de crise aguda ou de graves oscilações do clima. As condições de vida dos sertanejos pobres eram bastante precárias, tornando-os vítimas de diferentes doenças.

Em meados do Século XIX, menos de 5% da população rural possuía terras. Paralelamente ao processo de crise do sistema escravista, diversas leis procuraram regular as formas de acesso à propriedade, proibindo a distribuição gratuita de terras às comunidades necessitadas, restringindo as possibilidades de aquisição pelas camadas pobres e facilitando a concentração fundiária das oligarquias locais.

Em 1895, o governo baiano promulgou a Lei nº 86, que estabelecia como terras devolutas as terras que não tinham uso público, as de domínio particular sem título legítimo, as posses que não se fundassem em documentos legítimos, e os terrenos de aldeias indígenas extintas por lei pelo abandono dos habitantes.

Em 1897, a Lei nº 198, declarava terras devolutas as que não tivessem título,legal e as que não fossem legalizadas em tempo hábil.

Ambas as leis, tornaram frágeis a situação dos ocupantes pobres de terras familiares não-comprovadas por documentos, que ficavam sujeitos a perdê-las para grandes fazendeiros.
Ao mesmo tempo, forçavam os posseiros a permanecer atrelados e dependentes aos personagens politicamente influentes.
Este artigo tem como base bibliográfica a obra Belo Monte uma História da Guerra de Canudos, de José Rivair Macedo e Mário Maestri, da Editora Moderna que faz parte da Coleção Polêmica.